jueves, 22 de agosto de 2019

Genética amplia mistério do lago dos esqueletos de origem desconhecida | Ciência | EL PAÍS Brasil

Genética amplia mistério do lago dos esqueletos de origem desconhecida | Ciência | EL PAÍS Brasil

ANTROPOLOGIA

Genética amplia mistério do lago dos esqueletos de origem desconhecida

Centenas de restos se acumulam em uma remota lagoa a 5.000 metros de altura no Himalaia, amontoados em diferentes momentos ao longo de mais de mil anos

21 AGO 2019 - 20:08 ART
A lagoa Roopkund abriga centenas de esqueletos no seu interior e arredores.
A lagoa Roopkund abriga centenas de esqueletos no seu interior e arredores.ATISH WAGHWASE


Na vertente indiana do Himalaia, a mais de 5.000 metros de altura, encontra-se um lugar com todos os clichês de mistério. A lagoa Roopkund tem 40 metros de diâmetro e nas poucas semanas do ano em que não está congelada revela no seu interior os ossos de centenas de seres humanos aos quais deve seu apelido, Lago dos Esqueletos. Apesar do interesse que há anos desperta entre os alpinistas, até o começo deste século a origem daqueles restos não havia sido estudada.
Uma primeira análise avaliou que aquele morticínio ocorreu em um só cataclismo que deixou reminiscências em uma lenda local. Segundo essa história, o rei de Kanauj, Racha Jasdhaval, sua esposa, Rani Balampa, e uma comitiva de servos e bailarinos foram em peregrinação ao santuário da deusa Nanda Devi, não muito longe da lagoa. Seu comportamento licencioso desatou a ira da deidade, que os aniquilou com um granizo de magnitude apocalíptica, espalhando seus cadáveres junto ao lago dos esqueletos. Tempos depois, a análise de alguns ossos no lago Roopkund encontrou impactos compatíveis com uma tempestade daquelas características. O mito faria referência a uma catástrofe acontecida durante uma viagem de peregrinação ao redor do século IX.
Foram encontrados os restos de 14 indivíduos de origem mediterrânea que morreram por volta de 1800
Agora, uma nova análise de 38 esqueletos recolhidos ao redor da lagoa oferece mais informações e amplia os mistérios. A equipe internacional liderada pelo geneticista David Reich, da Universidade Harvard (EUA), e por Niraj Rai, do Instituto do Paleociências Birbal Sahni, em Lucknow (Índia), realizou várias análises que separaram aqueles indivíduos em três grupos. Contrariando o que se acreditava até agora, muitas das vítimas jamais se conheceram, morreram separadas por séculos de intervalo e, provavelmente, procediam de regiões separadas por milhares de quilômetros.
A datação por carbono radiativo concluiu que 23 indivíduos tinham morrido entre os séculos VII e X, provavelmente em vários momentos distintos. A análise genética desse grupo indica também que todos eles estão relacionados com os atuais habitantes da Índia, mas não eram parte de uma só população.



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