martes, 3 de diciembre de 2019

Os melhores livros do século XXI | Cultura | EL PAÍS Brasil

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Os melhores livros do século XXI

Um júri de 84 especialistas escolheu os títulos mais relevantes das duas primeiras décadas do milênio

01 DEC 2019 - 16:56 ART
SETANTA

"Fazer listas", escreve Alberto Manguel em seu O Diário de Leituras, "dá origem a certa arbitrariedade mágica, como se a simples associação pudesse criar sentido". Pois bem, que sentido se pode encontrar em uma lista que tenta fazer um balanço das duas primeiras décadas do século XXI? Vamos começar pelo princípio. Naquela terça-feira de 11 de setembro de 2001 dois aviões de passageiros sequestrados por terroristas suicidas derrubaram as Torres Gêmeas de Nova York, mataram quase 3.000 pessoas e mudaram o mundo para sempre. De passagem, mandaram para o quarto de despejo a hipótese hegeliana do fim da história reciclada por Francis Fukuyama depois da queda do muro de Berlim e resolveram a discussão sobre se o século XXI começava no ano de 2000 ou em 2001. A guerra das galáxias ficou no choque de civilizações. O computador passou no teste de efeito 2000, mas seu usuário –a nova grande palavra– entrou na era do medo, da insegurança, da precariedade, da intimidade (pública) e da realidade (virtual).
O futuro tinha chegado tão cedo em forma de estilhaços que os cinemas ficaram repletos de remakes; as livrarias, de cânones, coletâneas e resumos e listas do melhor melhor e dos mais mais (que se deveria ver, ler e escutar... antes de morrer). Também de escritos com um fundo de história universal e livros de não-ficção ou autoficção que dão tanto valor ao enredo como a seu making-of. Incapaz de imitar uma realidade presente que parecia de romance, a literatura se voltou para o passado, a memória (histórica apenas), a investigação jornalística, em primeira pessoa e na própria literatura, que se tornou metatudo.
Daí o triunfo absoluto de 2666, um livro total composto por cinco partes e publicado no segundo semestre de 2004, no ano seguinte à morte de seu autor. Desde Borges –meticulosamente retratado por Adolfo Bioy Casares em um diário já inevitável -, nenhum escritor influenciou tanto as novas gerações como Roberto Bolaño. O fato de seus livros começarem a ser publicados na Espanha pela Anagrama e atualmente pela Alfaguara –as duas editoras espanholas mais presentes na lista da Babelia– é outro sintoma do peso de alguns selos na criação do gosto contemporâneo.

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